terça-feira, dezembro 13, 2011



Capítulo

2

Os Males do Fumo

Tristes estatísticas

Estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que um terço da população adulta no mundo - 1 bilhão e 200 milhões de pessoas - são fumantes, com dois milhões de mortes anuais. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 32 milhões de pessoas se declararam fumantes, o equivalente 16% da população brasileira do ano da pesquisa. Estima-se que 200 mil pessoas morrem por ano no país devido ao tabagismo – o terrível número de 22 pessoas por hora.

O fumo e a nicotina

O cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas. Ele atua no nosso organismo de forma semelhante à cocaína, o álcool e a morfina, pois possui diversos compostos que causam dependência, entre eles o formol e a nicotina. O vício é tão forte que de 80% dos fumantes que desejam parar de fumar, apenas 3% conseguem fazê-lo por si mesmos.

A nicotina é a substância tóxica do fumo que mais causa dependência psíquica e física, provocando sensações desconfortáveis na abstinência. É um alcalóide neurotóxico e cancerígeno que, após a inalação da fumaça, é rapidamente absorvido pelos pulmões, entra na circulação sanguínea e chega ao cérebro, em um intervalo de seis a dez segundos, liberando endorfinas, que dão prazer e bem estar e também adrenalina, que causa euforia e excitação. O efeito é inicialmente estimulante e, após algumas tragadas, tranqüilizante, bloqueador de stress. Porém, o corpo a metaboliza muito depressa, provocando os sintomas de abstinência, levando-se a fumar novamente para aliviar esses sintomas.

A nicotina altera o funcionamento do nosso organismo, como aceleração da freqüência cardíaca, aumento da pressão arterial, respiração rápida e superficial. Em doses excessivas, é tóxica, provocando náuseas, dor de cabeça, vômitos, convulsão, paralisia e até a morte. É utilizada como inseticida na agricultura e vermífugo na pecuária

A saúde dos fumantes

Os fumantes adoecem com uma freqüência duas vezes maior que os não fumantes. Têm menor resistência física, menos fôlego e pior desempenho nos esportes e na vida sexual. Além disso, os fumantes envelhecem mais rapidamente e apresentam aspectos físicos menos atraentes, pois ficam com dentes amarelados, peles enrugadas e impregnadas pelo odor do fumo.

Diversos órgãos e sistemas são comprometidos, ficando nossos organismos sujeitos a muitas doenças. As principais manifestações do fumo no nosso corpo são:

Pulmão: o fumante tem 20 a 30 vezes mais chances de ter câncer de pulmão. A capacidade respiratória é diminuída e há maiores chances de contrair doenças respiratórias, como bronquites e enfisemas.

Coração: o fumo aumenta a pressão arterial, diminui a capacidade respiratória e aumenta a coagulação sanguínea. Há maiores chances de ocorrer doenças cardiovasculares, como derrames e enfartos.

Circulação Sanguínea: o fumo é extremamente prejudicial à circulação sanguínea, causando aneurismas, tromboses, varizes e até mesmo necrose, um processo que afeta as extremidades do corpo, podendo levar à amputação de membros.

Sistema reprodutor: o fumo causa problemas vasculares que aumentam as chances de impotência nos homens. Entre as mulheres fumantes, aumentam-se as chances de menopausa precoce, infertilidade e problemas com a menstruação.

Estômago: a nicotina aumenta a acidez do estômago e as chances de ocorrer gastrites e úlceras.

Mamas: as mulheres que fumam têm uma probabilidade 74% maior de morrer de câncer de mama que as não fumantes.

Boca: O fumo causa mau hálito, dentes amarelados e aumenta a incidência de gengivite. Fumar aumenta em até 15 vezes a chance desenvolver câncer de boca.

Mãos: O fumo mancha os dedos e as unhas com cores de tons amarelados.

Pele: Envelhecimento precoce da pele e muitas rugas.

Garganta: O fumo é geralmente acompanhado de pigarro e aumenta o risco de desenvolver o câncer de garganta.

Diabetes: os diabéticos que fumam correm maior risco de ter graves complicações renais e retinopatia (problemas nos olhos) de evoluções mais rápidas.

Gravidez: os recém-nascidos de mães fumantes correm 63% mais riscos de morte do que os bebês de mães não fumantes. A gestante fumante corre maior risco de aborto, possui chances superiores de ter filhos com baixo peso, menor tamanho e defeitos congênitos. Os filhos de mães fumantes adoecem duas vezes mais do que os filhos de mães não fumantes.

Audição: os bebês de mulheres fumantes têm maiores dificuldades em processar sons.


Um Pulmão de não- fumante:

  • A cor do tecido é rosada
  • Os pequenos sacos aéreos trabalham normalmente
  • Elástico

O Pulmão de um Fumante

·         A cor do tecido se torna escura
·         Os pequenos sacos aéreos não conseguem
trabalhar normalmente, porque eles explodiram ou inflaram
  • Rígido

Fumante o escravo da “Ansiedade”

A maioria dos fumantes sofre intensamente de ansiedade, que é um sentimento de apreensão desagradável, acompanhado de sensações físicas como vazio, pressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça, falta de ar e outros sintomas.  Os fumantes têm mais probabilidades de sofrerem de ataques de pânico e de distúrbio de ansiedade generalizada, alem de agorafobia, medo de espaços abertos que incapacita algumas pessoas de saírem de casa.

A falta do cigarro leva o fumante a sofrer de ansiedade, tudo começa quando os neurônios são informados da falta de nicotina, então eles bombardeiam o corpo do fumante fazendo-o perder a sua tranqüilidade, deixando-o nervoso e sem concentração, a fim de levá-lo a fumar novamente. Essas crises ocorrem varias vezes ao dia.

Altas concentrações de nicotina no organismo, também produzem efeitos psicológicos característicos da ansiedade, como aumento da freqüência cardíaca, da pressão arterial, palidez, resfriamento das extremidades e sudorese.

O fumante sofre de ansiedade porque sente a falta do cigarro ou porque fumou demais, ou seja, o fumante sofre o tempo todo. E tudo isso motivado pelo fato dele achar que se fumar vai relaxar, quando na verdade fica o tempo todo nervoso.

O fumante que deseja deixar o cigarro deve estar ciente que vai ser bombardeado pela ansiedade, que o seu corpo tentará persuadi-lo de todas as formas a dar-lhe nicotina. Essas crises acontecem apenas por um período curto de tempo, as sensações de desconforto vão passando, a ansiedade vai diminuindo até chegar a um nível normal de qualquer ser humano não-fumante. As vitórias serão: a melhora da saúde e deixar de ser tão ansioso. Vale à pena!

As crises de abstinência

O fumo é tão ruim que, já não bastasse todos os males provocados por ele, o processo de cura é também sofrido, marcado por crises de abstinência.

O fumante é a pessoa que chegou a um estado de dependência, caracterizado pelo vício, atividade repetitiva de fumar, independentemente da quantidade ou periodicidade de fumo. É fumante tanto quem fuma vinte cigarros por dia quanto quem fuma um cigarro a cada dois dias. O que importa é a dependência física e química das sustâncias comuns no fumo, principalmente da nicotina.

Justamente por causa dessa dependência, qualquer fumante passa por crises de abstinência, de menor ou maior intensidade, dependendo do tempo da abstinência. Entre um cigarro e outro, já ocorre uma pequena crise, fato esse que assusta muito os fumantes: se em tão pouco tempo sem fumo já acontece crise de abstinência, o que acontecerá ao se tentar parar de fumar? Muitos acreditam que jamais conseguirão. Esse tipo de pensamento literalmente “acorrenta” os fumantes ao vício.

A lista de sintomas de uma crise de abstinência é bastante extensa, destacando-se: irritação, ansiedade, tremores, fome, insônia, sonolência, dificuldade de concentração, agressividade, nervosismo, dores de cabeça, tonturas, dormência nos braços e pernas, vontade de chorar, sensação boca seca e salivação excessiva.

As crises mais intensas ocorrem quando o fumante decide parar de fumar. A falta das substancias tóxicas no organismo causam muito desconforto, levando-o muitas vezes a retornar ao vicio por não conseguir atravessar essas fases ruins.

Os primeiros dias sem o fumo são os piores, mas a freqüência das crises e a intensidade dos sintomas começam a diminuir dia a dia. Após semanas, a vontade de fumar continua, mas passa cada vez mais rapidamente. Entre seis meses a um ano, o fumante começa a se ver livre dos sintomas da abstinência, mas nem por isso pode relaxar: o fumo é um vício traiçoeiro, crônico e muitas vezes reincidente.

Os fumantes passivos

Muitos fumantes não respeitam o espaço de terceiros, pois devido à dependência do fumo são cegos às necessidades do próximo, só querem satisfazer seu desejo imediato de fumar, não importando que no mesmo espaço físico convivam pessoas não fumantes e animais.

Fumantes passivos são todos aqueles que não possuem o habito de fumar, mas convivem com fumantes, por motivos circunstanciais – família, amor, amizade, trabalho -, inalando as fumaças que contêm as mesmas substâncias do fumo, o que aumenta o risco de contração de diversas doenças.

Nos adultos, os principais males são irritação nos olhos, na garganta, náusea, dor de cabeça, espirros, congestão nasal, rinite, tosse, problemas respiratórios, aumento da taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares, câncer de pulmão, câncer do colo do útero, câncer de boca, de garganta, de laringe, de esôfago, de bexiga, câncer de rim, de pâncreas, câncer no cérebro, na tireóide e de mama.

As crianças expostas à fumaça do cigarro têm maior risco de apresentarem doenças infecciosas do trato respiratório, otite média, asma, doenças cardiovasculares, distúrbios de comportamento e distúrbios do desenvolvimento neurológico, assim como câncer, principalmente do pulmão. As crianças são mais suscetíveis à toxicidade da fumaça do cigarro por serem imaturos em sua constituição. Filhos de fumantes parecem ter dificuldade de aprendizado, atraso no desenvolvimento da linguagem e mais problemas de comportamento, como hiperatividade, distúrbios de conduta e desatenção. Crianças que são fumantes passivas têm mais chances de tornarem-se fumantes no futuro.

O fumo como ladrão de tempo

Há pouco tempo, o ato de fumar não exigia que se abrisse mão de realizar atividades rotineiras enquanto se fumava. As tarefas eram conduzidas simultaneamente, sem que o fumante se ausentasse do local das atividades. Quem estivesse ao seu lado que suportasse a fumaça, pois fumar era considerado por muitos uma forma de inclusão social. Era moda.

Depois de muitos estudos comprovou-se diversos males que o fumo causa, não somente para o fumante ativo, mas também para quem habita o mesmo espaço físico - o fumante passivo. As pessoas passam a não mais tolerar este tipo de comportamento e as leis contra o fumo tornam-se mais rígidas, obrigando o fumante de hoje a dirigir-se a locais apropriados, os famosos fumódromos, locais esses cada vez mais restritos e distantes dos postos de trabalho ou lazer. Fumar passa a ser um ato menos aceito, quase socialmente intolerável.

Em função da atividade de fumar e desse isolamento forçado, os fumantes estão desperdiçando um tempo precioso de vida. Considerando uma média de 10 minutos por cigarro, 20 cigarros ao dia, sete dias por semana, chega-se a um total de 24 horas, ou seja, um dia inteiro na semana gasto somente na atividade de fumar – sem contar o tempo de deslocamento para locais onde seja admitido o fumo. Por dia, são mais de 3 horas preso ao ato de fumar, tempo de sobra para se dedicar a atividades mais saudáveis, como ginástica, esportes, desenvolvimento pessoal, caridade, família e tudo mais que faz um ser humano feliz.
Além desse tempo gasto, que poderia ser dedicado a outras atividades, estudos feitos na Inglaterra comprovam que um fumante perde 11 minutos de vida a cada cigarro, morrendo em média seis anos antes do que os não fumantes de mesmas características. O fumo é um ladrão de tempo em vida e de tempo de vida.
No mundo moderno, uma das maiores e unânimes reclamações é a falta de tempo. Os fumantes reclamam que não têm tempo para nada, mas para o vício sempre arrumam algum. É uma questão de prioridades, a dependência faz com que o fumo seja prioritário em suas vidas, apesar de roubar um bem extremamente precioso, que não se resgata de forma alguma: o tempo.

Fumar, um vício caro

Um maço de cigarros hoje está entre R$3,00 e R$4,50. Assim, um consumo de apenas um maço por dia equivale a um gasto mensal de 18% a 27% do salário-mínimo. Comparado com o preço da cesta básica do governo, este percentual alcança de 38% a 57%, um custo absurdo para a população de baixa renda.

Uma mulher fumava desde a adolescência. Por muitos anos ela acumulou maus tratos ao corpo. Sua saúde não era das melhores: tinha um pigarro terrível, sentia cansaço crônico, desanimo e muitos outros sintomas. Entretanto, isso não era considerado por ela seu maior problema, mas sim como comprar cigarros, pois não possuía muitos recursos.

Um dia esta mulher despertou muito mal, com falta de ar e dores no peito. Seus filhos a levaram a um hospital, mas como não tinha plano de saúde eles foram a um hospital público. Muito ela sofreu, fila imensa para ser atendida, fila para exames. Enfim descobriu ter um enfisema pulmonar, doença gravíssima muitas vezes provocada pelo fumo. Ela ficou internada no hospital por dias e deveria fazer um tratamento caro, que incluía fisioterapia. Nada disso cabia no seu bolso e nem no da sua família. Como não conseguiu se tratar devidamente, em pouco tempo veio a falecer.

O triste nessa história real é que há, hoje, no nosso país, planos de saúde bem acessíveis, a partir de 30 maços ao mês. Fumar é mais caro que garantir uma alimentação básica e cobertura mínima de saúde. Infelizmente muitas pessoas investem mal seus rendimentos, desperdiçando dinheiro com esse hábito maléfico.

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